Gestão da Pandemia de Gripe e Vacinas
Críticas apontam para zelo excessivo, que terá cedido a pressões das empresas farmacêuticas
2010-01-13
JN - EDUARDA FERREIRA*
A Organização Mundial de Saúde anunciou ontem, terça-feira, que irá pedir a peritos independentes uma auditoria à sua gestão da gripe H1N1, depois de se intensificarem críticas de que terá cedido aos interesses das farmacêuticas, empolando os riscos da doença.
O anúncio foi feito ontem, em Genebra, pela porta-voz da OMS, Fadela Chaib. Em causa estão as críticas endossadas a esta organização das Nações Unidas, que declarou a passagem ao grau de pandemia no início do Verão passado, devido à progressão do vírus H1N1.
Uma das últimas queixas quanto à forma de gestão da nova gripe a nível global surgiu da parte do Conselho da Europa, fórum político em que participam quase todos os países europeus.
Sobra de vacinas
A queixa do Conselho da Europa sugeria que devia ser averiguado se as empresas farmacêuticas terão sido influenciadas por dirigentes das autoridades de saúde no sentido de gastarem dinheiro em reservas de vacinas desnecessárias. Recorde-se que em Julho e Agosto o Mundo assistiu a uma corrida à reserva de vacinas ainda não desenhadas e para as quais tiveram de ser desenvolvidas linhas industriais de fabrico. Então, também, as cotações das três principais farmacêuticas envolvidas no processo subiram em flecha. Só em Dezembro, face ao anúncio de alguns países de que pretendiam renegociar as encomendas do fármaco, as acções entraram em baixa.
A auditoria a fazer por peritos independentes á gestão que a OMS tem feito da nova gripe não começará agora, mas quando for dada por terminada a pandemia. Os resultados serão tornados públicos, prometeu a porta-voz da organização. Entretanto, no próximo dia 18, a OMS reunirá os 34 membros da sua administração para proceder a um ponto de situação sobre a expansão do H1N1..
Perante as crescentes críticas que têm sido dirigidas às autoridades de saúde, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças já tinha alertado, na passada semana para um risco: o de surgirem variantes do vírus caso os governos abrandem as suas medidas contra a gripe A. Num artigo na revista "Eurosurveillance", o especialista Angus Nicoll afirmava que "os vírus nunca estão quietos", podendo sofrer mutações. O facto de a propagação do vírus ter diminuído na Europa e nos Estados Unidos não deve deioxar todos descansados, afirmou. Nicoll lembrou ainda que na pandemia de 1969-70, o onda do segundo Inverno causou muitas mais mortes. "Esperar o inesperado" será a regra a seguir, acrescentou.